quarta-feira, 30 de maio de 2012

Isso engorda!

Em tempos de "engordafobia", o vocabulário acaba sendo uma poderosa ferramenta.

No momento em que "engorda" é estampado em um texto, a atenção destinada é quase instintiva. Pena que pouco se entende entre as reais diferenças de perda de peso e emagrecimento, o que faz com que o poder dos termos caia por terra em uma grande falta de explicações (e de compreensão).

Quem diria que o suco de laranja, excelente fonte de vitamina C e de potássio, rico em água e em flavonóides, poderia ser tão perverso quanto um bombom de chocolate com recheio de amendoim?

Na verdade, para corrigir a endocrinologista, cujo foco de estudo durante toda a formação foi medicina e não nutrição, este bombom fornece 114kcal, enquanto o suco de laranja tem, em média, 130kcal.

Por mais aterrorizante que possa parecer, esta é realidade.

Infelizmente, na cultura esvaziada em que vivemos, não estamos aqui discutindo a qualidade nutricional dos alimentos, mas sim se ele "engorda" ou "não engorda"... Bom seria se o corpo não percebesse diferença entre as calorias, se considerasse tudo igual e utilizasse a energia sem passar pelos mecanismos bioquímicos... Confesso que se assim fosse, a vida do nutricionista (ao menos dos bons nutricionistas) seria bem menos complicada.

Já que o chamariz é a simplicidade do conceito, que sejamos radicias: tudo "engorda", a não ser a água (ainda que ela te faça apresentar umas graminhas a mais na balança).

http://noticias.uol.com.br/saude/album/comparativo_calorias_album.htm#fotoNav=2






sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sem medidas...

Ah, o admirável mundo da moda.

Ainda que o paradoxo inicie no próprio conceito (moda é aquilo que se repete com maior frequência) não pretendo questionar a empregabilidade do que é apresentado nas passarelas, mas sim atentar à alienação na manutenção do padrão estético.

A reportagem conta a história de meninas "abençoadas por natureza" que, mesmo sem grande esforço, exibem pele e osso na desejada harmonia dominante. Algumas perdem oportunidades por não estar dentro das medidas... Outras entram na neurose porque o "cliente exige"... E sim, são corpinhos de 11 anos (on-ze a-nos!) vestidos de marcas famosas e determinando a moda.

Uma simulação de mulher em corpo - e metabolismo - de criança.

Não há o menor esforço em empregar juízo de valor. A informação é passada sem alarde. É fato, aqui está.

O desserviço da informação reside no absoluto descaso com um a realidade absurda que, ao propagar o conteúdo apenas o reafirma.




http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/spfw-apostas-da-passarela-relatam-terror-da-fita-metrica


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Presente de casamento: nutrição enteral.

Em tempos de pós-modernidade, que não apenas passamos do "ser" para "ter", como do "ter" para "parecer", não é novidade que aparentar a beleza é mais importante do que de fato conquistá-la.

No espetáculos de corpos belos, me espanta o preço (não apenas econômico) que se disponibiliza para exibir uma silhueta reduzida e assim, chegamos ao caos.

O caos que aqui me refiro não é aquele hipócrita que reforça o absurdo ideal de beleza dependente de uma magreza utópica, tão pouco da desarmonia psicológica que nos afoga de insatisfação, ressalto aqui o desarranjo metabólico proposto para um sucesso momentâneo.

O exclusivo consumo de proteínas é sim um grande promotor da perda de peso. Sem glicose o corpo não percebe que foi alimentado e os hormônios liberados (ou não liberados, no caso da insulina) sinalizam para o corpo que não houve alimentação. Para o corpo humano, como para qualquer outro representante do reino animal, perceber a ausência alimentar, indica a necessidade de utilizar suas reservas de energia para manter a vida. É neste momento então que o corpo "perde peso". Todas as outras fontes de energia são recrutadas em prol da sobrevivência, no entanto, o primeiro substrato utilizado é a proteína.

Sim, a perda de peso se dá principalmente pela perda de massa magra.

Neste caso, não há o estímulo a fome, pois o estômago percebe ser "alimentado" constantemente, e a proteína que é infundida é capaz de ativar os sinalizadores da saciedade informando ao cérebro que não há necessidade de consumo.

Carboidratos são elementos que, por excelência, desempenham a qualidade higroscópica, o que significa que retém líquidos. Quando o consumo é inexistente, perde-se água e, como água pesa, diminui-se peso.

O desfecho do caos metabólico se dá no momento em que, reinserida na sociedade, a noiva retira a sonda e volta a se alimentar. Como o corpo se manteve em stress (pois falta de alimento é sim um grande stress!) há o efeito rebote e o ganho de gordura (aqui não somente de peso) é destino certo.

Músculo é o grande determinante do metabolismo do corpo. Quanto mais músculo precisa ser nutrido, mais energia o indivíduo deve consumir. Portanto, quanto menor for a massa magra, menor o metabolismo. Esta conduta, a longo prazo, como o que foi predominantemente perdido durante o estado de "falsa diabetes mellitus tipo 1", é justamente a massa magra, a recém casada tem um metabolismo mais preguiçoso do que a linda noivinha.

Quer mais caos?
Sabendo de tudo isso, escutar de um profissional gabaritado que "com a mistura de proteínas a pessoa leva vida normal, sem risco para a saúde. E funciona." só que é preciso "pagar o mico de andar com um tubo pendurado no nariz."  



http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1093681-noivas-fazem-de-tudo-para-entrar-no-vestido-ate-dieta-da-sonda.shtml

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Nobre e superficial.

O assunto é nobre e as informações extremamente necessárias.

Se a nutriz é a responsável por "fabricar" a alimentação de seu filho, aquilo que ela consome é ainda mais importante por exercer dupla nutrição. Nada mais justo do que "utilizar" estas informações para uma prestação de serviço.

Muito importante saber que aquilo que se consome durante a lactação passa de modo praticamente intacto ao leite materno e, portanto, os cuidados alimentares tidos durante a gestação devem perdurar neste momento e, mais ainda, "que é preciso ter bom senso" com as escolhas ainda que "se possa comer de tudo".

Fora a contradição - afinal café e álcool não devem ser consumidos e, no entanto, eles fazem parte das opções de alimentos e bebidas disponíveis - o que mais esfumaça a prestação de serviço, é que, embora é dada voz à uma nutricionista, os pontos aqui ressaltados partiram da boca da pediatra (segundo referencia do autor).

Ademais, só por curiosidade, será mesmo que com este texto somos capazes de "saber como deve ser a alimentação"?



 http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-bebes/noticias/redacao/2012/05/17/lactante-deve-evitar-alcool-e-excesso-de-cafe-saiba-o-que-comer-durante-amamentacao.htm

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Celebridade ortomolecular!

Com todo respeito à medicina ortomolecular, por mais incômodo que me cause a hipersuplementação de vitaminas em minerais para uma "harmonia orgânica", e sem contestar seus mecanismos, causas e efeitos, venho aqui ressaltar que não concordo com o uso mercadológico deste conhecimento para "secar como as famosas".

Sim, de fato, um corpo metabolicamente organizado tem maior facilidade em se livrar de gordura, toxinas e de, me perdoem o hedonismo, "funcionar melhor". Mas não é disso que depende a perda de peso e sua manutenção.

Celebridades são humanas, mas nem tanto.

São donas de um corpo biológico e cultural como qualquer outra mulher, no entanto, o investimento (físico, mental e econômico) para "vestir" a beleza é outro. Qualquer mudança gordurosa no manequim tem impacto nacional, estará estampado na capa de revistas e comentários negativos irão escurecer a luz da fama.

Realidades distintas julgadas sob um mesmo padrão de beleza. Uma realidade que-nada-tem-de-real determinante de uma utopia corporal para uma mulher que trabalha, estuda, educa filhos, come pipoca no cinema e curte um chocolate quente numa noite de inverno.

Me desculpe, mas repor nutrientes não faz perder 8kgs. Aos menos não o faz sem alteração de hábitos alimentares. Mais ainda, desde quando eliminar doces e frituras e reduzir carboidratos não é alteração dietética? Por que menosprezar o esforço relacionado à alimentação? Já não está absolutamente esclarecido que são justamente os hábitos alimentares saudáveis e a prática de atividade física que proporcionam a alteração da composição corporal? Será que isso novidade?

Enalteceremos então os suplementos ortomoleculares (colocados aqui sem qualquer referência aos elementos que os compõe) e deixar de lado a "dietinha"...



http://boaforma.abril.com.br/dieta/aliados-da-dieta/dieta-globais-ortomolecular-500176.shtml?


terça-feira, 15 de maio de 2012

Be-a-bá do cardápio infantil!

A iniciativa é nobre: cuidar da saúde das crianças e alertar para a  "epidemia" do excesso de peso.
Não é novidade que os hábitos atuais e a dominação dos filhos sobre os pais é um grande determinante do resultado que se mede em roupinhas e nas taxas sanguíneas.

Endocrinologista é médico que, por definição, trata com hormônios. Nutricionista é o profissional da saúde cujo foco exclusivo é a alimentação e nutrição (com os demais impactos que pode prover do hábito).

Aqui, a endocrinologista explica a situação, e a nutricionista prescreve um cardápio.

Cardápio (agora ele) é, por definição, uma importantíssima ferramenta do profissional que deve considerar a individualidade do ser humano. Quando o homem é o objeto de estudo, a precisão do be-a-bá cai por terra e o guia do cardápio não somente perde a força como ofusca a beleza da singularidade da prescrição.

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/05/09/seu-filho-esta-acima-do-peso-veja-dicas-de-especialistas-para-resolver-o-problema.htm


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Completamente rendida!

Relutei muito. Muito mesmo. 
Não queria ter um blog. 
Mais uma responsabilidade, mais uma tarefa para o meu dia, mais palavras ocupando a mente na angústia por serem digitadas...

Resolvi me render quando dei conta de que certos objetivos profissionais criam raízes tão profundas que passam a ser lema de vida... Aqui está um dos meus. 

Acesso à informação não é o mesmo que conhecimento. Hoje, com as facilidades do maravilhoso universo hiper-real, somos todos "especialistas em fumaça". De nada sabemos para além do aprofundamento do "drops" de notícia. 

A Veja te mostra o esquema do ataque cardíaco, o caderno de Saúde da Folha de São Paulo diz dos últimos estudos sobre os flavonóides e o excelentíssimo dr. Drauzio Varela, entra na sua casa domingo a noite para explicar como agir frente a uma parada cardiorespiratória. Quer mais completo do que isso? Dê um Google!

A minha querida nutrição, ciência complexa desde o seu objeto de estudo (o homem, de natureza biológica e cultural) até sua idade (novinha em folha...), sofre mais do que muito em um "blá-blá-blá" de sensacionaliza um conhecimento cujo dever social é a saúde. 

Não tenho nenhuma pretensão de grandes mudanças mas, já que há democracia, que minha voz também seja ouvida. 

Antes de mais tudo, peço licença àqueles que serão relacionados no desenrolar dos textos... E para os demais,  que me ajudem a cultivar essa sementinha de pensamento!