sexta-feira, 22 de junho de 2012

A dialética do frio no metabolismo!

Durante a vida é realmente importante que mantenhamos uma alimentação equilibrada que não proporcione balanço energético positivo, ou seja, que não se consuma mais energia do que se gasta. 

Independente da época do ano, da cor do céu ou da fase da lua, o conteúdo ingerido será utilizado e, se for excedente, será convertido em gordura, a principal forma de armazenamento energético do corpo humano. 

De fato, assim como em diversos aspectos das ciências que tem o homem como seu objeto de estudo, não há consenso no tocante a taxa de metabolismo alterada mediante à temperatura do ambiente. De um lado autores dizem que para a termorregulação são utilizadas as moléculas de gordura estocadas no corpo (tanto que a termogenia está associada com este "estoque energético") e, do outro lado, são feitas afirmações referentes a necessidade de manutenção desta gordura como isolante térmico e não como fornecedora de energia, o que dificultaria a sua perda durante o frio. 

Por mais tumultuada que possa ser esta discussão, é ainda isso, uma discussão. 

"Treinar no inverno queima mais calorias? Não caia nesta cilada." - Qual cilada exatamente? 

Com todo respeito aos educadores físicos que são os indicados para prescrever e coordenar atividade física, não é neste pensamento empírico simplista de que "se no frio as pessoas queimassem mais gordura, a população que vive em países próximos dos polos seria magra" que seremos capazes de obter respostas coerentes. Como é a alimentação da população dos povos, quais são as atividades diárias, como se dá a prática de atividade física? Não seriam estas variáveis importante? 

Estética de publicidade para divulgar ciência. Ótimo. 



terça-feira, 19 de junho de 2012

Descaso com o discurso...

Me espanto com o desserviço de certas matérias.

Enquanto alimentação e nutrição se mantiverem interessantes o suficiente para pautar veículos informativos, acredito que estaremos fadados a bancarrota da informação sobre o tema.

Pois bem, muito há que de se discutir sobre a influência nutricional na qualidade de vida e na saúde, compartilhamos uma ciência nova, em constante evolução e repleta de incertezas.

Uma matéria cuja manchete diz: Óleo de peixe não ajuda demência, diz pesquisadores; indica uma "verdade" incontestável. Mais ainda, utilizar o termo "perda de tempo" para o consumo em prol do benefício em questão é enfático e promove certo desconforto para quem o segue.

De fato, cada vez são realizados estudos para validar possíveis efeitos dos nutrientes isolados. O ômega-3, em pauta por muitos outros benefícios associais a peroxidação lipídica e cuidados cardiovasculares, se propõe também protetora da função cerebral e, talvez, quem sabe, um estudo que considera o consumo durante apenas 3 anos, não o demonstre significativo.


Descaso com o discurso. Aspas em falas fragmentadas de profissionais. Uma informação passada como notícia, que não agrega nada de novo e se reporta, de modo bastante superficial, a um estudo ainda mais simplista e inconclusivo. 


Se discutir alimentação e nutrição é suficientemente importante para ter uma editoria, que sejam realizados bons trabalhos na divulgação de assuntos realmente relevantes, com estudos bons e confiáveis e não jogar temas pretensiosos para engrossar o volume de produção. 








http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/bbc/2012/06/13/oleo-de-peixe-nao-ajuda-a-prevenir-demencia-dizem-pesquisadores.htm

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Mulheres, pobres mulheres!

Muito me espanta que o "regime de engorda" seja apontado aqui como cruel.
Na Mauritânia, em uma comunidade cuja renda familiar não atinge as cifras de um café expresso na região da Av. Paulista, me parece bastante plausível que a gordura seja o belo.

O corpo humano é bicho e a gordura corporal é sinônimo de segurança energética. Em uma situação de extrema escassez, não é a toa que sejam privilegiadas as mulheres cuja qualidade orgânica assegure a procriação.

Não me entendam mal, não estou dizendo que é certo forçar meninas ao consumo exagerado de leite e cuscuz, tão pouco maltratá-las, ou deixá-las escondidas sob os véus e prendê-las em casa como responsáveis pelos afazeres domésticos. Se trata de uma cultura incapaz de caber nas molduras da "modernidade". Injustiça, sem dúvida.

No entanto, não consigo deixar de questionar que a ditadura da beleza nos outros pontos do mundo é tal e qual, e os resultados são ainda mais expressivos. A implicância da magreza, a necessidade de contornos perfeitos e a busca incessante pelas imagens da perfeição (trabalhadas por programas de computador) não é menos agressiva do que para as meninas da Mauritânia.

Nos revoltamos quando vemos um povo de tradições "ultrapassadas" engordar jovenzinhas em prol do casamento, mas se submeter a rotinas extenuantes de atividade física e longas recuperações de cirurgias plásticas em uma constante greve de fome, ah, isso tudo bem. 

Incomoda saber que a saúde destas moças está condenada à diabetes, pressão alta, descontrole do colesterol, dores articulares e incapacidades de movimento. Sem duvidas, é de cortar o coração. 

No entanto, será que há o mesmo incômodo ao considerar os efeitos que as fórmulas emagrecedoras, os shakes de fibras e a exaustão dos tratamentos estéticos proporcionam? Paramos mesmo para considerar a infelicidade do vazio da busca por um corpo biotipo apenas de uma pequeniníssima parcela das mulheres? Será mesmo que consideramos a realidade de que o stress orgânico da fome é tão avassalador quando o do ganho de peso em excesso?

Mulheres, pobre mulheres que da Mauritânia à Nova Iorque, não conseguem se ver livres da beleza inorgânica...



http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1680997-15605,00-MENINAS+SAO+OBRIGADAS+A+ENGORDAR+EM+PAIS+AFRICANO+PARA+CONSEGUIR+SE+CASAR.html